Quase meia noite...

Quase meia noite

Em silêncio espero

Quieto num canto

Do quarto

As doze badaladas

Do velho relógio

Tipo oito

Sinto a aproximação

Do instante

Meu coração acelera

Sem motivo aparente

Um calafrio percorre

Minha coluna

Olho-me no espelho

Estou pálido

E todo arrepiado

Quando o relógio bate

Assusto-me e me benzo

Que medo é esse

Assim do nada

De que tenho medo

Mas não posso me conter

O sinto é real

Olho pela janela

Do décimo quinto andar

A rua deserta

E um gato preto

Cruza a rua

Em alta velocidade

Foge de alguma coisa

Que não consigo ver

Fecho a janela

A veneziana

Acendo todas as luzes

Ligo a televisão

Sem querer ver nada

Só o barulho

Quero ouvir

Mas, irrita-me.

E a desligo

O telefone toca

Atendo não é ninguém

Ninguém fala nada

Desligo

Tento ler um livro

Sem conseguir

Concentrar-me na leitura

Que loucura

Vou pirar

Toca a campainha

Vou ver quem é

É você

Como um passe de mágica

Tudo volta ao normal

O medo sumiu

Quando você apareceu

ABittar

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