Oculto

Quando você fechar aquela janela,
estaremos a sós neste quarto.
Quando a luz for se esvaindo,
estaremos ainda mais juntos.
Quando a noite chegar,
seremos apenas um.

Sou outro quando seus olhos me tocam,
quando sua boca me acaricia.
Ou os seus braços me enlaçam.

Sou outro quando estou ao seu lado,
quando mais ninguém importa,
quando sou só eu e você.

Quando se lembrar de abrir a janela,
afaste a cortina lentamente.
Deixe-me respirar por um instante,
e contar os compassos que pulsam incessantes.

Quando, enfim, a janela estiver escancarada,
não vá me cobrar pelo que não faço,
pelo que deixo de fazer.
Lembre-se das portas trancadas.
Lembre-se dos segredos noturnos.
Lembre-se dos beijos e amassos.
Lembre-se de mim, assim,
que é quando eu sou somente
meu verdadeiro eu!



Poesia publicada no livro Para Sempre, de Márcio Martelli,
Editora In House (2006).