JOÃO NINGUÉM
Sou feliz a minha maneira
Não preciso retoques
Nem máscaras
Para ser o que sou não preciso levantar bandeira
Meu carro é velho e desleixado
Uso meu jeans completamente desbotado
Meu tênis é o mesmo que ganhei no natal passado
Eu já engasguei na vida muitas vezes
E quando o trem passou... Eu estava sempre atrasado
Mas aprendi a sorrir e chorar
Cantar e gritar
Eu sei beijar e xingar
Sou a medida precisa da incerteza
Se mendiguei pedaços
Também me completei na realeza
De personagens, sou vários
Palhaço
Querubim
Poeta e escritor
Na vida que levo, por vezes
Sou o único ator
Atrás de um copo eu já chorei escondido
Muitas noites...
Mistifiquei sentimentos
E embriaguei-me da vida
Em todos meus momentos
Se desejei um dia a cinderela
Em carruagem de luz e uma calcinha que seduz
Descobri que nem a vida é assim tão bela
Enfim...
Mesmo que o inverno nunca tenha fim
Há de existir sempre um coração que cuide de mim!