UMA CERTA FORMA DE ESTAR…
Há noites
Em que me sinto um trapo
Que me sinto abandonado
Há noites
Em que a minha vais valia é um cigarro
E leio imensa poesia
De autores sem cara
Leio prosa
Mas primeiro a biografia de quem a escreve
Porque acho que cada autor
Tem uma muito própria filosofia
De estar de viver
Tal como eu
Que também calha escrever
Perdendo-me nas palavras
Como me quis perder nos teus braços
Escrevendo com imensa ternura
Como os beijos que nunca chegaste a dar
Prometidos e vãos
Dos quais ainda estou à procura
Em mil palavras
E mais mil
Que nunca paro de gerar
Em paixões momentâneas
Panaceia da Tua
Que deixou de ser
Muito antes de me aperceber
Afinal estou ou não sozinho?
As palavras
Condensadas em livros
Dizem-me que não
A bebida
Enquanto dura
Aquece-me o coração
A irrisão
Que aprendi a ser a minha derradeira
Linha de defesa
Por vezes resulta
E importa pouco ou não
Que estejas à minha beira
Pois vejo o mundo a cores
Mas com um filtro de insensibilidade
Sendo que o amor
Esse não vai para as pessoas
Vai para as letras
Onde escrevo
Os meus próprios caminhos
Da mais estranha
E feliz eternidade