UMA CERTA FORMA DE ESTAR…

Há noites

Em que me sinto um trapo

Que me sinto abandonado

Há noites

Em que a minha vais valia é um cigarro

E leio imensa poesia

De autores sem cara

Leio prosa

Mas primeiro a biografia de quem a escreve

Porque acho que cada autor

Tem uma muito própria filosofia

De estar de viver

Tal como eu

Que também calha escrever

Perdendo-me nas palavras

Como me quis perder nos teus braços

Escrevendo com imensa ternura

Como os beijos que nunca chegaste a dar

Prometidos e vãos

Dos quais ainda estou à procura

Em mil palavras

E mais mil

Que nunca paro de gerar

Em paixões momentâneas

Panaceia da Tua

Que deixou de ser

Muito antes de me aperceber

Afinal estou ou não sozinho?

As palavras

Condensadas em livros

Dizem-me que não

A bebida

Enquanto dura

Aquece-me o coração

A irrisão

Que aprendi a ser a minha derradeira

Linha de defesa

Por vezes resulta

E importa pouco ou não

Que estejas à minha beira

Pois vejo o mundo a cores

Mas com um filtro de insensibilidade

Sendo que o amor

Esse não vai para as pessoas

Vai para as letras

Onde escrevo

Os meus próprios caminhos

Da mais estranha

E feliz eternidade

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 30/07/2009
Código do texto: T1727468
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