HÁ DIAS E NOITES, HÁ DIAS E NOITES ASSIM… -Poema baseado vagamente na minha vida e na genial série Californication -
Compramos um livro
De autor anónimo
Quase desconhecido
E de repente
As palavras dele
Em mim
Fazem demasiado sentido…
“Vi perderem-se momentos no tempo
como lágrimas na chuva…”
Caramba!
O filme da minha vida
Uma frase que parece sintetizar
Tudo o que sou
Dando a ideia
Que esse desconhecido
Conhece melhor a minha vida
Do que eu próprio
Porque com aquela frase
Resumiu uma espécie
De pessoal purgatório
Farto das palavras
E caída que está a noite
Penetro no seio dela
Sem quaisquer tipo de morais
Ou imposições
As drogas diversas
Libertarão o meu espírito
Momentaneamente manietado pela tua partida
E só quando atingir o fim do comprimido
O fim do cigarro
A última gota do copo de bebida homicida
Darei a coisa por terminada
Depois de toda a minha resistência mental e física
Definitivamente vencida
Procuro um corpo desconhecido
Para me saciar
Imaginando que é o teu
No qual me viciei amar
Mas depois de ela sair do meu quarto
Sem me dar um nome
Ou uma desculpa por ter estado comigo
Adivinho
Que preferia ter tido uma conversa
Em vez de um sexo prazeroso mas algo banal
E tento-me convencer
Que ela não és tu
Elas nunca o poderão ser
Sendo que essa conversa
Terá de ser imaginada
E transformada em algo
Que costumo escrever
Tenho saudades tuas
Mas não há já nada mais a fazer
Nada, nada…
Por isso lá vai mais um copo
Mais um cigarro
Uma ida à igreja
Para desanuviar a ressaca
De tudo quanto consumi
Da falta
De Ti
Procurando Deus
Não para me absolver
Procurando Deus
Porque sei que nunca serei descriminado
Porque penso
Que essa companhia
Durará a eternidade
Mas saiu tão depressa como entrei
Não para casa
Onde sou rei
Mas para as ruas
E misturar-me com os rostos disformes
Escravos como eu
Que cambaleantes passam por mim
Tendo o pensamento demasiadas vezes repetido
Que tudo fosse diferente
Se não tivesses partido
Se tivesses ficado com o impossível
Ficado comigo…
Há dias e noites, há dias e noites assim…