Yerbabuena

Eva Yerbabuena ali

Na penumbra quase esfumaçada

Solitária e exuberante

Não precisava de mais nada

Nem ninguém

Ao som da guitarra

Trazia toda Andaluzia

Com ela

Em cada acorde e vozes grutais

De sus tacones viejos

Y negros, o retrato de Almodóvar

Seu vestido rodopiando, rodopiando

Em vermelho, preto ou branco

E os ciganos ao fundo

Insuflando seus passos

Com cada dedilhado

Rápido

Ou lento e denso

E a técnica

E a precisão

De todos os passos

De Eva

[Que originou a todos

Em meio às palmas

Sonoras

Ritmadas

Exactas

Como uma adaga no peito

No peito de Carmen

[Origem de todo espírito latino

Estarrecida, uma fã

Olhava tudo da cochia

O cenário enegrecido

Os músicos gotejando de suor

O estresse das cordas

Como se fossem castanholas agúdas

Ela acompanhava tudo

De olhos atentos

Como os de uma criança

Como num sonho

Foi transportada para Sevilla

O Málaga o Jaen

Quem poderia dizer ao certo

E os acordes todos

Mexiam com o sangue que corria

Com sua alma

Existência efêmera

Suas veias pulsavam

Acorde a acorde

Das cordas estiradas

Sendo tocadas como numa roda

De frente à fogueira medieval

Das guitarras ancestrais

A cada batida surda

A cada passo da bailarina

A dor

O sentimento latino

As verdades de uma nação

Que não poderia deixar para trás

Nem que quisesse

Estaria sempre com ela

Onde quer que estivesse

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Post comemorativo número 600 - após quase sete anos cuidando deste espaço livre - para celebrar o encontro com meu passado, de modo a ver o futuro, e viver o presente, com todas as verdades que me cabem.

Denise Sammarone
Enviado por Denise Sammarone em 29/07/2009
Código do texto: T1726118
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