Yerbabuena
Eva Yerbabuena ali
Na penumbra quase esfumaçada
Solitária e exuberante
Não precisava de mais nada
Nem ninguém
Ao som da guitarra
Trazia toda Andaluzia
Com ela
Em cada acorde e vozes grutais
De sus tacones viejos
Y negros, o retrato de Almodóvar
Seu vestido rodopiando, rodopiando
Em vermelho, preto ou branco
E os ciganos ao fundo
Insuflando seus passos
Com cada dedilhado
Rápido
Ou lento e denso
E a técnica
E a precisão
De todos os passos
De Eva
[Que originou a todos
Em meio às palmas
Sonoras
Ritmadas
Exactas
Como uma adaga no peito
No peito de Carmen
[Origem de todo espírito latino
Estarrecida, uma fã
Olhava tudo da cochia
O cenário enegrecido
Os músicos gotejando de suor
O estresse das cordas
Como se fossem castanholas agúdas
Ela acompanhava tudo
De olhos atentos
Como os de uma criança
Como num sonho
Foi transportada para Sevilla
O Málaga o Jaen
Quem poderia dizer ao certo
E os acordes todos
Mexiam com o sangue que corria
Com sua alma
Existência efêmera
Suas veias pulsavam
Acorde a acorde
Das cordas estiradas
Sendo tocadas como numa roda
De frente à fogueira medieval
Das guitarras ancestrais
A cada batida surda
A cada passo da bailarina
A dor
O sentimento latino
As verdades de uma nação
Que não poderia deixar para trás
Nem que quisesse
Estaria sempre com ela
Onde quer que estivesse
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http://denisesammarone.blogspot.com/2008/05/yerbabuena.html
Post comemorativo número 600 - após quase sete anos cuidando deste espaço livre - para celebrar o encontro com meu passado, de modo a ver o futuro, e viver o presente, com todas as verdades que me cabem.