Minha Poesia

Minha poesia,

notívaga,

predadora de mim,

é instintiva:

Sai da toca quando sente fome...

Ronda insone

a sílaba indefesa,

presa fácil

do poema.

Minha poesia,

substantiva e visceral,

rói por dentro

o que dói por fora.

A poesia me caça nas horas de insônia,

fareja, em mim,

o verso-objeto de sua ira faminta

e me busca onde eu esteja.

Rasteja pela folha de papel

a espreita do momento oportuno

para o bote indefensável

e arremessa sua fúria

em metáforas noturnas.

Minha poesia

assalta-me de surpresa,

abate-me e devora

e comemora

uivando para a lua.