Anjo
Sou anjo que chega reclamando seu céu,
pouso minhas asas sobre os pecados que seu corpo tomou,
dou-lhe a visão que tem por muito negado,
e os amores aos quais um dia se entregou.
Lembranças paridas em um quarto de revista,
avenidas, tintas, parafinas de velas esquecidas,
amores sem cores em tetos descorados por lágrimas escondidas
falam das vestes rasgadas em completa agonia.
Sou anjo e reclamo o que é meu,
quero o corpo que cantou amor,
a alma que alimentou o sonho sem cor,
quero a vida que vivia no tempo em que amor me prometeu.
Conquisto seu templo antes profanado por falsos credos,
sou novo mandamento escrito na lei do amor,
novo princípio, preceito reconstruído
sob muralhas mortas onde em vida lhe espero.
Sou anjo entregue aos desejos do amor,
em mim o recomeço, seu corpo, meu meio,
um grito, o gozo edificando conceito
e novo vôo no corpo que clama com ardor.
22/05/2006