VAI E VOLTA, VENTO!
Nas muitas curvas da vida
traz, vento, notícias dela,
quiçá ao menos um pouco
do perfume que banha
a maciez do seu corpo.
Beija por mim aqueles
cabelos revoltos
emoldurando-lhe o rosto,
acaricia-lhe os lábios
carnudos saborosos,
leva meu cheiro até ela
para que lembre de mim.
Perpasse suavemente
por entre os dedos
de suas mãos aveludadas,
segurando-os como se
eu estivesse lá, à guisa de mim,
não sendo eu, mas como se fosse
e, na volta, traga-mas
para que eu as afague
e sinta novamente o calor,
o pulsar, a tenra textura,
o fluir da sua meiguice.
Vai, vento, e volta,
que eu contigo vá,
que ela em ti venha.
Vai, vento, e volta!