Moi

Abraçando as causas e os porquês me deparo com o esmorecer que insiste em se abater

Sobre mim que sou tão forte e generosa e sempre sorrio ao anoitecer de sombras escuras

De sonho vou vivendo a enrubescer quando recordo das noites longas e mal dormidas

A reaparecer sozinha ou acompanhada nos sonhos torno a empalidecer complexa e atormentada

No apanhado claro do cotidiano atribulado me ponho a correr para assumir uma posição enfadonha

Absurda, verdade que insiste em tecer outras verdades cálidas para não perder

Chego a enlouquecer na busca das respostas que persistem em desaparecer simplesmente

No emaranhado sutil que me impede de compreender o motivo de tanto querer

Insistir e deixar fazer surgir um sentimento repugnante e débil que não cessa ou faz padecer

A dor que motiva qualquer ato brusco com intuito de reaparecer

Sem mais nem menos tento rimas fazer para não chorar ou enternecer ao lembrar que sou feita de alma, fogo, sol, vida e vermelho

E sem sentido vou no tranco e perco a prosa pra continuar inutilmente a me mover

Presa naquilo que separa os pólos, a verdade e o inverossímil, que me faz perceber que não tomo rumo pra tentar evitar mais um desespero de perder

De ver partir aquilo ou aquele que teve tanta importância quanto respirar

E assumo envergonhada que o poema endureceu mas só agora percebo que ainda tento escrever para defender o sentido de algo que me fez ver que cada dia estou mais próxima e mais distante daquilo que vim fazer

Nessa vida sem tom ou cores rubras continuo a me manter optando pela alegria em que nem sempre pude crer

Carente da minha inocência quero acreditar, tola, que um dia pode reacender a chama indolor que me fez ter

Fé nalgo que só me faria sofrer

No dia em que acordei completa ao ver ali ao meu lado o tudo e o nada que fez eu me envaidecer mas nunca teve direito de merecer

O melhor de mim que não pude esconder

Por força da necessidade fiz aparecer a alegria de viver junto de quem nunca pode ou queria, na realidade, se comover

Denise Sammarone
Enviado por Denise Sammarone em 27/07/2009
Código do texto: T1722852
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.