MISTÉRIOS D’ALMA
Inquieta a minh’alma navega
Por inóspitos caminhos se insinua
À procura de carinhos fica nua
Arranca a pele, se esquiva, se arranha
Se banha nas tormentas da vida
Tornando-se refém da própria sorte
Percorre veias, oceanos, entranhas
Por vezes na lida labuta se assanha
Abre ares, terras, águas e espaços
Percorre trilhas, trilhos e caminhos
Que por sorte encontra atalhos
Firme segue desejando não se perder
Trafegando como roto andarilho
Entre o tudo e o nada se esvazia
É às vezes minúscula que se agiganta
Triunfante, não se contenta com restos
Luta e enobrece a vida que tem
Se ergue majestosa e magnífica
Floresce em jardins secretos
Aparece na pétala de rosa
No pólen do bico do beija-flor
No colorido das asas das borboletas
No frescor da chuva de verão
No sabor da fruta da estação
Num orvalho ou no por do sol
No brilho das primeiras horas da manhã
Na onda que quebra na praia
No despertar de uma nova vida
No sonho de um novo amor
Na triste lágrima da despedida
No olhar de soslaio na saia... Na calcinha
No decote que explode os seios da menina
No umbigo... Nas coxas... Nas nádegas
Aparece no olhar do homem maduro
Nas mãos e nas curvas do desejo
No perfume dos longos cabelos
Na magia da ousadia vadia
Em cócoras das anáforas
Nas desprezadas axilas
É ali que se encontra
No coração que bate forte
Nos lábios que se encontram
Na tinta da caneta que borra
Pena que deflora a resma de papel
Na corda que vibra o violoncelo
Nos dedos que percorrem as cordas
Dedilhando notas no violão
No compasso do coração
Nas redes estufadas pelo gol de meu time
Ela é por vezes intrusa e tímida
Errante e paciente na procura
Nas bandeiras tremulando nas mãos
Nos acenos de adeus ou até breve
Nos reencontros tão alegres
A cura dos males do tempo
Desvenda segredos e seus medos
É covarde e também heroína
Intrépida na sua sina
Minh’alma transborda comportas
Arrebenta toda e qualquer represa
Ela se despe e se insinua
Ela se oferece a todos sem pudor
São os segredos da minh’alma nua
É tempestade e calmaria
Está na brisa e na maresia
Plena e ébria de empatia e sinergia
Dueto: Rosana Carneiro e Hildebrando Menezes
Assista o poema em vídeo
MOMENTOS D'ALMA - Dueto Rosana Carneiro e Hildebrando Menezes
http://www.youtube.com/watch?v=aIg7-ADTc_4