UMA ALMA VAZIA
Eu sou o perfume da flor que te rouba este instante,
Sou o pássaro demente perdido com asas de dor,
Sou o rio tempestivo do nada redecorando a paisagem.
Sou o frasco vazio,
[Sem o caule já não sou planta nem vestígios de verde,]
Sou o mundo imundo sem janela sem ar e sem homogeneidade,
Sou o ventre do viver com parábolas escapulindo entre os dedos.
Sou o poder do pensamento, a força, a tração do amor,
Sou a luz do anonimato, o regar das flores ao amanhecer.
Sou um petisco da fome, sou o sol do parador.
Sou a mansidão das águas, o tormento do fogo,
A lápide solitária, uma alma vazia.