Ao amor
Sem olhos
Não te amo, mas a amo:
Seus castanhos –
Invisíveis – levam-nos ao limo.
Sem tua boca
Não te sinto, mas a sinto:
Lábios jamais um foca
Retratá-los-ia, requieto.
Sem teu cheiro
Não a vejo, mas sigo-a:
Nunca fragrância em nevoeiro
Reconheci igual, pois mesmo em distância, desejo-a.
Sem teus versos
Não existiria, mas seria:
Eternos são seus cantos diversos
Todavia nunca entoam uma elegia.
O que há de divino não é contigo coexistir; mas Ser.