Seus olhos, meu amor...
Ferem-me teus olhos frios punhais
Minha voz jaz... Tremula e rouca
Os meus olhos perdem tons colorais
Os meus lábios já não te roçam a boca...
Estico meus braços e nunca te alcanço
Meus dedos fingem que podem te ver
O castigo chegou como um rio manso
Banhando de lágrimas eu e você...
Singro minha nau em águas tais e bravias
Apenas o sulco da quilha como testemunhas
Enquanto minhas costas procuram tuas unhas
Meus olhos procuram por águas mais tranqüilas...
Unhas de aço me dilaceram todas as tripas
Sinto mãos apertando o meu frágil coração
Cólicas terríveis me intumescem a barriga
Perdido estou... Sem ares e sem um chão...
As noites são longas, tristes e mal dormida
O amor que me alimenta também me mata
O castigo é apenas um rio de lenta corrida
A mão que bate é a mesma que nos afaga.