Seus olhos, meu amor...

Ferem-me teus olhos frios punhais

Minha voz jaz... Tremula e rouca

Os meus olhos perdem tons colorais

Os meus lábios já não te roçam a boca...

Estico meus braços e nunca te alcanço

Meus dedos fingem que podem te ver

O castigo chegou como um rio manso

Banhando de lágrimas eu e você...

Singro minha nau em águas tais e bravias

Apenas o sulco da quilha como testemunhas

Enquanto minhas costas procuram tuas unhas

Meus olhos procuram por águas mais tranqüilas...

Unhas de aço me dilaceram todas as tripas

Sinto mãos apertando o meu frágil coração

Cólicas terríveis me intumescem a barriga

Perdido estou... Sem ares e sem um chão...

As noites são longas, tristes e mal dormida

O amor que me alimenta também me mata

O castigo é apenas um rio de lenta corrida

A mão que bate é a mesma que nos afaga.

Gil Ferrys
Enviado por Gil Ferrys em 24/07/2009
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