Dez anos por dia...
Amar não é nada mal
Meus amores têm me envelhecido
Dez anos a cada dia
Procuro me dedicar
Mas é difícil lhes acompanhar
Eu tento mesmo assim
Mesmo quarenta anos mais velho
Não desisto de amar-lhes
Mesmo que uns amores façam parecer
Que dedicar-lhes tanto amor
Sem ser igualmente correspondido
Lhes incomoda e lhes chateia
“Tu não podes te apegar
E amar desinteressado assim!”
A outros parece fazer tanto bem
Ter-me a amar-lhes
Com sentimento quase paternal!
Me queixo às vezes
De não ver sentimento algum
Reconhecido, tampouco
Correspondido
Meu coração se aperta
De ciúmes
De saudades
De preocupação, enfim
E mais 24 horas se passam
E mais dez anos se vão
Já estou cinqüenta anos mais velho...
E o coração se abre
E o coração se machuca
Um pouco mais
E palavras “erradas” são ditas
À pessoa certa
Meu coração não vive mais
Sem esses amores
Que me enlouquecem
Que me envelhecem dez anos
A cada dia
E já estou oitenta anos mais velho
Não contente
Descontente também não
Coração não escolhe
Apenas ama
Sem amar
Não envelheço mais
Só espero sepultarem-me
Pois já estarei morto...