TÃO LONGE…SE CALHAR NUNCA DEMASIADO PERTO…
Numa noite
Sem nexo
Acordei de um sonho
(ou seria um pesadelo?)
Imerso em suores nocturnos
Frutos do esforço que faço
Para saber o que quero ao certo
Invadindo-me então um pensamento
Que nos resume:
Tão longe…se calhar nunca demasiado perto…
E enquanto navegava no reino do etéreo
Fui assaltado por uma estranha clarividência
Que me roubou partes do coração
Mas que deixou as suficientes
Para por Ti
Ainda ter uma pouco secreta adoração
Falamos de amor
Falamos de sofrimento
Falamos de sorrisos
Falamos de lágrimas
Falamos do seu rebento
Falamos de palavras
Deitadas ao acaso
Do vento que corre das minhas montanhas
Até às tuas planícies
Onde contemplas o mesmo céu imaculado que eu
Falamos de sentimentos
Bem definidos
Apesar da minha alma de escritor de coisas disléxicas
Preferir que as chamem de vagas
Vagas do tal amor
Nas quais aprendi a navegar
Para nelas
Não me afogar
Apesar de amar
O simples gesto de amar
E de em tal suave e docemente naufragar
Pelo gosto de me sentir vivo
Quando me tento salvar
Amando-te
E temendo-te
Na mesma exacta proporcionalidade
Dado seres ao mesmo tempo
O meu adorado oásis
O meu crepuscular deserto
E por isso não sei quase nada Meu Amor
Só sei que esta frase feita
Põe a nu a confusão que sinto
Coloca os meus escondidos sentires a descoberto:
Tão longe…se calhar nunca demasiado perto…