TÃO LONGE…SE CALHAR NUNCA DEMASIADO PERTO…

Numa noite

Sem nexo

Acordei de um sonho

(ou seria um pesadelo?)

Imerso em suores nocturnos

Frutos do esforço que faço

Para saber o que quero ao certo

Invadindo-me então um pensamento

Que nos resume:

Tão longe…se calhar nunca demasiado perto…

E enquanto navegava no reino do etéreo

Fui assaltado por uma estranha clarividência

Que me roubou partes do coração

Mas que deixou as suficientes

Para por Ti

Ainda ter uma pouco secreta adoração

Falamos de amor

Falamos de sofrimento

Falamos de sorrisos

Falamos de lágrimas

Falamos do seu rebento

Falamos de palavras

Deitadas ao acaso

Do vento que corre das minhas montanhas

Até às tuas planícies

Onde contemplas o mesmo céu imaculado que eu

Falamos de sentimentos

Bem definidos

Apesar da minha alma de escritor de coisas disléxicas

Preferir que as chamem de vagas

Vagas do tal amor

Nas quais aprendi a navegar

Para nelas

Não me afogar

Apesar de amar

O simples gesto de amar

E de em tal suave e docemente naufragar

Pelo gosto de me sentir vivo

Quando me tento salvar

Amando-te

E temendo-te

Na mesma exacta proporcionalidade

Dado seres ao mesmo tempo

O meu adorado oásis

O meu crepuscular deserto

E por isso não sei quase nada Meu Amor

Só sei que esta frase feita

Põe a nu a confusão que sinto

Coloca os meus escondidos sentires a descoberto:

Tão longe…se calhar nunca demasiado perto…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 24/07/2009
Reeditado em 24/07/2009
Código do texto: T1716796
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