Reencontro

Os olhos se buscavam a todo momento

Mesmo que, como um ímã ao avesso

Ao se encontrarem, não duravam tempo

Necessário para manter um brilho aceso

Se afastavam em instantes, e lá dentro

Quando como às paredes do céu atravesso

A chama já miúda mas, no fundo, no centro

O brilho insistia em manter controverso.

Era tempo de a alma, como último suspiro

Como um sopro gelado em pleno verão

Não mais distingüia o tempo e aquilo

Insanidade os sonhos, ébria desatenção

Refrescados no corpo, um coração pupilo

Órfão que vê a primeira linha em imaginação

E quase a carne ao coração sucumbido

Já não mais sucumbia, não existia o não.

A saudade impedida, esquecida no canto

Vinha a rabo de olho afim de constatar

O perigo dos olhos, das chamas, do pranto

E do corpo, a desordem, o perigo de amar

E se outrora eu era um mínimo de santo

Ali já não era mais que um demônio no altar

Pois que em tempo estive debaixo do manto

E ao sair não lembrei de o amor resgatar.

Uma pena, eu digo! Uma pena, minha Flor

Que esta noite, eu sei, logo terá seu fim

E, eu sei, não me engano, vá para onde for

Sentirei os teus ares, teu cheiro de jasmim

Mas por hora, sem culpa, não senti o sabor

Como já não mais ouço tocar os clarins

E, eu juro, se eu não resgatei meu amor

Não foi pelos teus olhos, foi mesmo só por mim.

E na cólera, na fúria, e em todo meu prazer

Foram noites e noites aguardando manhãs

Mesmo aos anjos, então, eu vinha a obedecer

Mas formaram-se em volta vários e vários clãs

Que eu confesso, eu mesmo vim a tecer

E os anjos me eram como irmãos e irmãs

Que insistiam, o amor ainda vai renascer, mas

Por ora, te acalma, lembra e faz mente sã.

Júnior Leal
Enviado por Júnior Leal em 24/07/2009
Reeditado em 24/07/2009
Código do texto: T1716522
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