Rosas e Punhais
Rosas e Punhais
A cada hora que passa o tempo me mata mais
no trajeto circular onde crava seus punhais.
A vida prepara a rosa que vive exilada em ti
depondo o gume das horas no itinerário do amor.
E tudo que a gente vive, todo dia se desfaz
a cada hora que passa feita de rosa e punhais.
É morrendo que se vive pela senda dos segundos,
só o amor nos eterniza no que fica de infinito
(Em cada quarto de lua jogo pétalas na colcha...)
Embora o tempo me mate, silencioso e corrosivo,
esqueço os punhais que ferem, é pelas rosas que vivo.
Não temo a morte que vive naquilo que me arrebata
é pior viver sem amor, pois essa vida é que mata.
Enquanto sofro distâncias dos sítios além dos cerros
tu te perfumas de flores pra vida que eu vivo em ti.
O tempo impõe seu regime à existência de flor
porém o tempo não pode com a natureza do amor.
(Em cada quarto de légua estendo lençóis na sombra...)
O que em mim vive de ti o tempo não apunhala,
pois a rosa que te habita é metáfora de céu.
De tanto que já morri, aprendi nascer de novo
e viver do que me resta no exílio do amor.
Naquilo que o tempo fere fica sempre cicatriz ,
cada um sabe onde morre no hora de ser feliz.
Se a vida joga punhais, meu coração é o alvo...
quando as lâminas me matam, as tuas rosas me salvam.
(Em cada quarto de hora perfumo a cama pra ti...)