URUBU em BRASA

Eu amarro o burro

do lado escuro da lua

aonde os bares fantasmas

fecham nunca

Eu vivo sinistro - urubu em brasa!

meio sorrindo como o sol

é uma pedra encravada

na dúvida

e o arco-íris o canto rupestre

do rouxinol desencarnado,

ávido pelo verão,

nativo como o sonho bárbaro

Eu fui aquele por quem as velas

derreteram em lágrimas

a sombra sorrindo

fúnebres serenatas

Derramadas pela taça

na lua,

pragas em ventania,

o que resta além da orgia?

Pálido o alazão lunar

morre a segunda vez

pela sereia e descobre:

só na mulher o sexo é vampiro

A busca

é uma ilusão

geométrica,

o caos amontoa

pedras

sobre a chama lógica

o oceano é apenas

um carnaval

de bolhas sopradas

levando desenhos

eu já nada quero

embaralho no verso

a cabeça que há

de ser degolada

vendo o amor

seguir

pedalando

num balão