Viver sem Amar é Vida?...

I. Viver sem Amar?...

Enquanto nada espero, nada sofro.

- Mas como viver sem esperar?...

Tecem-se sonhos, mesmo não querendo,

E não há no mundo quem viva sem amar...

Pode-se viver até de vãs lembranças,

Ou sonhos de um futuro louco acalentar...

Por mais desiludido que o humano seja

Ele, em algum amor, se há de agarrar...

Pode-se estar perto, ou estar longe,

Mas alguém o nosso pensamento ocupa,

Até mesmo aquele que se torna monge...

Não amar é não viver! É não ver o colorido;

É o “faz de conta” que ao viver machuca;

É para quem... Melhor nunca ter nascido!...

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II. Poetas e Amor...

Podem-se ter lembranças do futuro?

Pode-se relembrar o desconhecido?

Pode-se ter saudade do que não se viveu?

Todo o Poeta é um louco introvertido;

É um sofredor que da dor faz poesias,

É alguém que chora e do choro faz canção...

É alguém que esconde, atrás do verso ameno,

Uma angústia imensa! Mas rosto é sereno

Como se não saísse dele... aquela canção!...

Ou então... É uma alma agraciada

Que canta o amor que vive em cada madrugada

E neste mundo humano, faz-se a exceção!...

Um ser humano comum vê a pedra: e é pedra!

O poeta sonhador a vê, e faz canção...

A fome, a sede, a vida peregrina,

O que falta ou sobra, traz-lhe a emoção!...

Podem ser românticos ou tristes realistas,

Podem ser os clássicos ou complicados modernistas

Mas todos têm uma peculiaridade igual:

Sofrem mais do que todos os mortais!

Gravam em arte a dor que os mata mais,

E ainda se “des-velam”, presas sem defesas,

Sucumbem ante a dor sem se esconder jamais...

Mãos sujas de sangue marcam as canetas,

Lágrimas escorrem nas letras dos teclados,

Imolam-se chorando sem pronunciar um “ai!”

São chamados “loucos” pelos vãos medíocres

Que jamais entendem a teia de ilusões

E de sofrimento, dos herdeiros de Camões...

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III. Como serei lembrada?...

Neste momento a batalha terminou.

Sinto-me vencida. Foi tão longa a espera...

Pouco a pouco a força mitigou

E um facho branco adormeceu-me em nada...

O que ficará de minha passada?...

- Uma mulher poeta que muito esperou?...

- Uma mulher triste que muito chorou?...

- Uma mulher insana que, de amar, se terminou?...

- Não! Não é assim que eu quero que me lembrem!...

Quero que todos saibam que um dia eu fui Luz...

E que fui amada! Eu fui muito amada,

E mais desejada que o ouro que reluz...

Que eu cantei muito, todas as canções,

Que amei com os olhos muitos corações

Mas que procurava neles “um só”... Só “um que amei”!

- Que muitos me amaram e nenhum eu enganei!

E nunca escondi que só a um amei...

E que o procurei sem medos ou vergonhas,

Mostrei-lhe o meu rosto e o perturbei,

Mas ele descartou-me em triste humilhação...

Castigou-me... Eu sei... Pequei...

Mas pecamos juntos, porque ele traiu

O que há de mais sagrado, que é o próprio amor...

Traiu seu coração... Brincou talvez comigo...

Mas ele em mim, eu sempre guardarei,

Por isso posso ainda, em lágrimas, sorrir...

E ele lembrará meu riso e meu sorriso

E olhará as estrelas: estarei no meio delas...

E ele chorará porque não soube ver

Na mulher que o procurava, a saber,

A única que amou e a que mais o amou...

- Serei lembrada como a flor pisada...

“mas nunca como o pé que pisa a flor...”

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 21/07/2009
Código do texto: T1711824
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