Assanhada e Atrevida
Assanhada e Atrevida
de beleza rara, marcante,
um pouco assanhada, atrevida,
me fêz esquecer num instante
de tudo que tenho na vida
e mesmo aquela ferida,
que julgo a mais importante,
ficou lá pra trás esquecida,
ficou lá pra trás bem distante
no abraço tão esfuziante,
na palma da mão estendida,
no beijo de um fogo incessante
eu vejo que não há saída
vou ter que lhe dar minha vida
da forma mais louca e marcante,
se ela, assanhada e atrevida,
me for devorar nesse instante
depois de me achar degustante
e de consumir a comida,
quem sabe se mais excitante
não vem repetir a pedida?
ali no meu leito estendida,
depois do amor estafante,
não foi ela que foi vencida,
por certo foi a triunfante
e ainda tão mais delirante,
invoco a mulher preferida
que desse momento em diante
só quero chamar de querida
jamais haverá despedida;
vou tê-la a meu lado constante,
em tudo estará incluída,
em nada será irrelevante
e quando na hora alarmante
de uma doença ou caída,
por certo serei o gigante
que a manterá protegida
e se a coisa for invertida
e ela não for atuante,
por mim não será ofendida,
pois sempre serei seu amante
e se ela não for tolerante
com essas agruras da vida,
me salvo e me curo num instante,
pois não quero vê-la sofrida
nem a quero desguarnecida
por não ter um homem marcante
que a teve, assanhada e atrevida,
quando ele foi tão atuante...
Rio, 23/01/2005