Poema 0715 - Viagem
Para onde levo as pedras que encontrei na estrada?
Vou a alguma viagem depois do ano de ontem,
enquanto não crescer o sorriso, caminho,
vou a procura de motivos para uma vida comum,
espero ser um alguém lá noutra ponta do mar,
mesmo que atravesse a nado este último deserto.
Fechei a boca da morte quando anoiteceu,
esperei o fim, até calar os gritos de angústia,
voltei a procura de teto que me dê abrigo,
um em forma de coração, um corpo quente,
não quero a riqueza material que outros escondem,
prefiro a miséria que a solidão da madrugada.
Teimo em subir todas as montanhas até o cume,
quero alcançar o céu com as mãos, tocá-lo,
sem minhas limitações, gritar bem alto ao meu Deus,
faço então uma oração antes do próximo passo,
mesmo pensando ser inútil, continuo a procura,
e sigo, viajarei até que meu sonho deixe de ser sonho.
Outra vez tento enxergar além do meu destino,
carrego um coração limpo daqueles pecados pobres,
tenho a altura de um pé, a largura de uma mão,
ao longo de pernas que caminham e braços que abraçam.
Assim desenho o amor nas almas que encontro,
até meu reencontro de amor, apenas meu e amor.
07/06/2006