ASSIM FAÇO A HORA (em Pasárgada)

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá serei Rainha

Serei amada pelo Rei

Como criança sonhei

Haverá uma Rosa a me contar

Estórias dessa terra

de fantasmas e fantasia

Onde nasci e me criei

Este que ainda vivo

Horrores e dores

e ainda chorarei

Vou-me embora pra Pasárgada

Deixarei esse umbral

Onde há gente insana, cruel

Carros aloprados, sinistros

Velocidade e ladrões

Mentes suicidas e perturbadas

Arvores queimadas

Mulheres vadias e medonhas

Bêbados pelo chão

Uma vida dura

Fome de frutas e verdura

Trigo e pão

Vou-me embora pra Pasárgada

Onde há infância

crianças risonhas

Tomarei banhos de puro mar

Com peixes e cavalos marinhos

Onde não terei telefone

Nem rádio ligado, sem fios elétricos

Talvez conversas nas tabernas

Com velas e nas taças puro mel

Sorverei sumos de uva, vinho

Da Pérsia com o Poeta

Omar Khayyâm e amigos

Lerei cânticos

Para adormecer

Esperando meu Rei

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá andarei de bicicleta

Tomarei leite deixado nas portas

Ouvirei "cries of London"

Correrei às casas de sape

aos campos, prados

Descansarei na grama dos jardins

Colherei flores e perfumada ficarei

Vou-me embora pra Pasárgada

Escreverei poesias de amor e paixão

À espera do Rei

Aquele que eu tanto quis

na rude civilização

e fui triste infeliz

E em Pasárgada

reencontrarei!

Assim faço agora

A hora de acontecer

e ser feliz

ser feliz

Vou-me embora...

Vou-me embora...

Cintia Thomé

Diálogo com Manuel Bandeira "Vou-me embora pra Pasárgada"

Cíntia Thomé
Enviado por Cíntia Thomé em 16/07/2009
Reeditado em 16/07/2009
Código do texto: T1701993
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.