Ontem
Ao sonhar que tudo nunca seria impossível, te encontrei.
Você me encontrou.
No espelho de todas as minhas aspirações... uma tela.
Fiz tua imagem. Estarreci. Apaguei o cigarro.
Narrei a união improvável de nós dois em meu caderno de poesias ridículas regadas à cerveja.
Rock and Roll. Liguei o som...
Não sou adepto da bebida que irrita e limita os sentidos,
quero transcender em vocábulos extraordinários pra impressionar, quero ser rebuscado ao tentar!
Serei um pacto de mim mesmo conectado por forças normais, musicais... o escritor e seus caminhos não convencionais...
Entre a caneta e a minha mão a energia desperdiçava o ar e surpreendia o que mais pudesse surpreender. Medo?
Intensa força humana sublime que nos faz perder a cabeça, ao mesmo tempo em que não sei como ousar.
Sonhei. Sonhei sim, um sonho real de guitarras clamando por desejos eternos e incessantes! Chegou a hora, vou tocar!
Não me venha invadindo os pensamentos...
O show ainda nem começou! O olhar embaçado pelos óculos escuros, me faz enxergar você!
Muita gente chegando, parece que você veio...
O frio naquele final de tarde adentrou a noite e me fez cantar momentos solitários te procurando em plena multidão imaginando os seus olhares desconhecidos.
Será que você está aqui?
A dúvida não me conforta mais neste momento.
O vento busca a lembrança nesta saudade desconhecida.
Violeiro indomado pelos trâmites normais, me entrego.
Esqueço cada nota do Rock and Roll e me faço sertanejo...
A viola nunca deixa a tristeza invadir meu coração!
Construo cada frase de adeus ao público, mas não falo... sou forte?
Nunca me despediria de você. Será que você está aí?
Liberte-me da maldição do silêncio de uma despedida...
Platéia querida, eu não consigo encontrá-la,
Eu só queria avisar...
Preciso do teu olhar.