Amor platônico
platéia presente
palco vazio
sento no tablado
sou o cenário
o personagem
o corpo nú é o meu figurino
enceno um drama absurdo
a loucura fala pelo coração
com rédea curta
a língua chicoteia as frases
tão vasto mundo
o olhar fica míope
quando o sentimento procura um par
a escolha depende da sorte
tudo tem um ritmo
um acaso
abraço a forma
gesto perfeito
a palavra quer a carne
e a boca diz o que for preciso
beliscão da paixão
não há lugar para confrontos
a desarmonia gera sofrimento
pânico absoluto
o tempo avança
sobre os troféus empoeirados
a razão ganha a guerra
o avião decola
não há mais
Casablanca nem Paris
tudo o que restou
foi uma medalha invísivel no peito