Quando
Quando eu não mais existir, procure-me
nas entrelinhas de meus poemas.
Não me esqueça aos olhos das
dores de amores.
Refaça meus caminhos calçando os
sapatos da vida errante que não tive.
Procure desvendar em cada palavra
minha a alma do lírio que existe
na descrição dos sentimentos
doados por mim.
Lembre-se das lágrimas que por
você derramei, das feridas
que não foram cicatrizadas
no tempo em que não vivi.
Recolha de meus olhos a tristeza da vã
saudade e repouse em seu coração
a boa lembrança de mim.
Beba de minhas frases quase perfeitas
feito a água vertente que
apenas engana a sede.
Guarde em sua memória o gosto suave,
doce de meus beijos, o toque
sensível de minhas mãos.
Sonhe com a cama de lençóis desfeitos
na ilusão do amor feito às pressas,
de um tempo marcado em relógios
de momentos outrora despertos
no silêncio do êxtase profundo.
Leve meu sorriso breve e farto com você.
Reescreva a história de minha
vida que busquei contar junto à sua.
Quando eu não mais existir,
procure-me nas entrelinhas
desse meu poema.