MÃE

MÃE

O Dia das Mães se aproxima e para prestar homenagem a todas as Mães, aproveito a ocasião para transcrever essa linda Poesia que foi declamada pelo autor, GUIARONE em 1952. Todo ano por essa ocasião, eu também a declamava para minha saudosa mãezinha! Hoje com a permissão e todo respeito pelo poeta, dedico-a para todas as Mães!

MÃE

Mãe! Eu volto a te ver na antiga sala,

Onde uma noite te deixei sem fala,

Dizendo adeus como quem vai morrer.

E me viste sumir pela neblina,

Porque a sina das mães é esta sina:

Amar, cuidar, criar, depois perder.

Perder o filho é como achar a morte!

Perder o filho, quando grande e forte,

Já podia ampará-la e compensá-la!

Mas nesse instante uma mulher bonita,

Sorrindo o rouba... E a velha mãe aflita

Ainda se volta para abençoá-los.

Assim parti e tu nos abençoaste!

Fui esquecer o bem que me ensinaste

Fui para o mundo, me deseducar!

E tu ficaste num silêncio frio.

Olhando o leito em que deixei vazio

Cantando uma cantiga de ninar

Hoje volto coberto de poeira

E te encontro quietinha na cadeira

A cabeça pendida sobre o peito

Quero beijar-te a fronte... E não me atrevo.

Quero acordar-te, mas não sei se devo.

Não sinto que me cabe esse direito!

O direito de dar esse desgosto

De te mostrar nas rugas do meu rosto,

Toda miséria que me aconteceu!

E quando vires a expressão horrível

Da minha máscara irreconhecível,

Minha voz rouca murmurar: Sou eu!

Eu bebi na taberna dos cretinos!

Eu brandi o punhal dos assassinos!

Eu andei pelo braço dos canalhas!

Eu fui jogral em todas as comédias!

Eu fui vilão em todas as tragédias!

Eu fui covarde em todas as batalhas!

Eu te esqueci. As mães são esquecidas!

Vivi a vida, vivi muitas vidas.

E só agora, quando chego ao fim.

Traído pela última esperança,

E só agora, quando a dor me alcança.

Lembro de quem nunca se esqueceu de mim!

NÃO!Eu devo voltar ser esquecido

Mas... Que foi? De repente ouço um ruído

A cadeira rangeu! É tarde agora!

Minha MÃE se levanta abrindo os braços

E me envolvendo num milhão de abraços

Rendendo graça diz:

-Meu filho, e chora!

E chora e treme como fala e ri!...

E parece que DEUS entrou aqui

Em vez do último dos condenados.

E o seu pranto, rolando em minha face,

Quase é como se o CÉU me perdoasse

Me limpasse de todos os pecados.

MÃE! Nos teus braços eu me transfiguro,

Lembro que fui criança, que fui pura...

Sim, tenho MÃE! E esta ventura é tanta

Que eu compreendo o que significa:

O filho é pobre, mas a MÃE é rica,

O filho é homem, mas a MÃE é SANTA!

Santa que eu fiz envelhecer sofrendo

Mas que me beija como agradecendo,

Toda a dor que por mim foi causada.

Dos mundos onde andei e nada te trouxe!

Mas tu me olhas num olhar tão doce,

Que nada tendo, não te falta nada!

DIA das MÃES! É o DIA da BONDADE,

Maior que todo o mal da humanidade

Purificada num amor fecundo.

Por mais que o homem seja ser mesquinho

Enquanto a MÃE cantar junto a um bercinho

Cantará a esperança para o MUNDO!

NITINHA CALLEIA

Publicado no Recanto das Letras em 05/05/2009

Código do texto: T1577635

ELENITA RANGEL CALLEIA
Enviado por ELENITA RANGEL CALLEIA em 11/07/2009
Código do texto: T1693525
Classificação de conteúdo: seguro