MAREMOTO

MAREMOTO

Roze Alves

Sei porque estou assim

Como se o mar morasse em mim

Meu coração joga-se violento

de encontro as paredes do meu peito.

Como ondas altas quebrando no rochedo

Sinto que ele pode rasgar minha carne

Essa carne fraca, desolada ...

As ondas escapam por meus olhos

Contínuas, salgadas, me cegando

Ou já estaria cega a mais tempo?

Agora entendo esse gosto...

nada mais tem sabor.

Minha língua está arenosa

Dunas ocupam minha boca

Me impedem de gritar.

Esse grito que continua aqui,

dentro da minha cabeça

Ecoando, rolando, arranhando

Como as conchas rasgam a areia

quando chegam a praia.

Preciso resolver ou sucumbirei ao mar

Arrebentará minhas barricadas sentimentais

Preciso ter meu raciocínio de volta.

Você está embotando os meus sentidos

Este querer está me levando a loucura

Meus olhos só exergam você entre as ondas ...

Vejo que se afoga, como salvá-lo?

Preciso que ao menos estique a mão

Só assim terei forças,

para sair desse maremoto interior

E quem sabe, salvar a nós dois então ...

RJ: 01/02/2009

Roze Alves
Enviado por Roze Alves em 09/07/2009
Código do texto: T1690249