SABER OU TENTAR AMAR?
Poucas coisas devem concentrar
Banalidade em tão alto grau
Quanto a pratica de não saber amar
Garanto que não os desejo esse mau
Transcorre no tempo palavras de carinho
Remetendo uma proeza sem destino
Breve ou longa, deliberada ou ocasional
Palavras, algumas delas, sentimental
Talvez, hesitação nos primeiros passos
Arduidade conquistada pelo medo
Move-se sem auxilio ao lado do precipício
Inaugurando dentro do amante, novos espaços
Das mãos se constrói um ato
Um simples leve toque, tato
E, no entanto, uma das maiores expressões
Não apenas se sente, escutam-se explosões
Coração malgrado que pula
Em uma total liberdade acerbada
Traça em meu rosto o perfil do amante
Entregue sem saber amar, errante
O amor transforma incessantemente o amor
Repugna e atrai, reflete e distrai, emancipa e prende
Cria, modifica e desconstrói a possibilidade
Supõe, preenche, trilha, alivia e provoca dor
Como simplesmente saber amar então
Se nem mesmo entendo o coração?
Não decifro os signos e as legendas
Sintonizo e apago em meios as palavras
Não sei se um dia saberei amar
Mas sei que tenho a liberdade de sonhar
Fazer o bem ou mau, é uma escolha
Pois bem que seja, escolhi, tentar