QUANDO SE AMA UM POETA - Retrô

Sente o coração uma tangível sensação de realismo virtual;

Igual ao doce sabor que alimenta sem o lacre do fruto;

É um brinde de emoções reais numa taça miragem astral;

É o filho da coragem, gestado na lucidez de um surto!

É posse benfazeja que abrilhanta a auto-estima;

É agraciar o próprio ouvir com mavioso acalanto;

O suplantar de um mero toque pelo assédio de invasora rima;

O soerguer do "eu menina" pela candura de um hábil decanto!

Logo as formosas madrugadas tornam-se verdes estradas;

Onde se dão os reencontros de gêmeas almas platônicas;

Ainda que antagônicas, mas nos sonhares igualadas;

Ainda que ludicamente centradas, felizardas quando atônitas!

Não se compara o amor-poeta com as ofertas da esquina;

É luta de esgrimas, em que se fere o peito com uma flor;

É dor que não pede cura, cuja receita a própria paixão assina;

É linha cujos vértices lhe desalinha na simetria do mútuo calor!

Diz a razão que há de sofrer o coração que por um poeta se perder;

Como a vazão que do horizonte se despede em meio ao mar;

Talvez relembre um ferido pássaro com suas asas a recolher;

Mas também é, mesmo sem asas, numa cama de nuvens amar!!

"Você ama um poeta?"

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 07/07/2009
Reeditado em 07/07/2009
Código do texto: T1686802
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