QUANDO SE AMA UM POETA - Retrô
Sente o coração uma tangível sensação de realismo virtual;
Igual ao doce sabor que alimenta sem o lacre do fruto;
É um brinde de emoções reais numa taça miragem astral;
É o filho da coragem, gestado na lucidez de um surto!
É posse benfazeja que abrilhanta a auto-estima;
É agraciar o próprio ouvir com mavioso acalanto;
O suplantar de um mero toque pelo assédio de invasora rima;
O soerguer do "eu menina" pela candura de um hábil decanto!
Logo as formosas madrugadas tornam-se verdes estradas;
Onde se dão os reencontros de gêmeas almas platônicas;
Ainda que antagônicas, mas nos sonhares igualadas;
Ainda que ludicamente centradas, felizardas quando atônitas!
Não se compara o amor-poeta com as ofertas da esquina;
É luta de esgrimas, em que se fere o peito com uma flor;
É dor que não pede cura, cuja receita a própria paixão assina;
É linha cujos vértices lhe desalinha na simetria do mútuo calor!
Diz a razão que há de sofrer o coração que por um poeta se perder;
Como a vazão que do horizonte se despede em meio ao mar;
Talvez relembre um ferido pássaro com suas asas a recolher;
Mas também é, mesmo sem asas, numa cama de nuvens amar!!
"Você ama um poeta?"