Encontro
Eu vi a vida com medo da morte
Nos olhos de um recém-não nascido
Através das mãos de uma grávida
Que se agarrava à poltrona dezoito A
Do sobreaerino que subvoava as estrelas
Acima das nuvens negras do abismo
Que come as horas e as distâncias inteiras
Aumentando a pressa de quem espera
E os ponteiros de quem vai.
Mas não adianta o tempo o dilatar das agulhas,
Se o destino é o mesmo e crucificado.
Se o que parte espera que o que aguarda venha
E o que não viaja, viaje mais que o outro
Trocando os sentidos pra encontro das setas.
Que loucura é esta de brincar com o senso
Que mágica junta os dois no mesmo ponto?
E depois de tudo, quando nada dói
Que vitória é esta com louros do gosto
De seguir viajando um dentro do outro
Nas naves suadas dos trinta sentidos
Se não for o Amor que impera e ordena
Que se busque o início em cada final
E sempre se espere e sempre se vá
Sobrevoando tudo e submersos nele
Que apenas separa pra poder juntar?