Encontro

Eu vi a vida com medo da morte

Nos olhos de um recém-não nascido

Através das mãos de uma grávida

Que se agarrava à poltrona dezoito A

Do sobreaerino que subvoava as estrelas

Acima das nuvens negras do abismo

Que come as horas e as distâncias inteiras

Aumentando a pressa de quem espera

E os ponteiros de quem vai.

Mas não adianta o tempo o dilatar das agulhas,

Se o destino é o mesmo e crucificado.

Se o que parte espera que o que aguarda venha

E o que não viaja, viaje mais que o outro

Trocando os sentidos pra encontro das setas.

Que loucura é esta de brincar com o senso

Que mágica junta os dois no mesmo ponto?

E depois de tudo, quando nada dói

Que vitória é esta com louros do gosto

De seguir viajando um dentro do outro

Nas naves suadas dos trinta sentidos

Se não for o Amor que impera e ordena

Que se busque o início em cada final

E sempre se espere e sempre se vá

Sobrevoando tudo e submersos nele

Que apenas separa pra poder juntar?

Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 06/07/2009
Reeditado em 27/04/2015
Código do texto: T1684672
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