Um Amor Abençoado
Aquela fumacinha serpenteando,
O aroma de café espalhando,
A geladeira branca com anúncios espalhados,
A visão dela ali linda, esbelta sorridente.
Aos ruídos do mastigo do pão tostado
Por ela com amor preparado,
A silhueta esbelta meus olhos abservando
Vêm as lembranças dos momentos delirantes
Os resíduos do prazer ainda borbulhantes.
A lembrança viva e gostosa
Do leito quetinho e dos abraços salientes,
Dos beijos estalados com salivas quentes,
O hálito do amor perfumando as nossas mentes.
Nossos murmúrios rompendo madrugada a dentro
Gemidos espremidos que alternam-se em grunhidos
O prazer irrompido pela flexa do Cupido.
Pernas e braços aos corpos laçados
Sono pesado pelo desejo despertado.
Volúpias de sentimentos misturados
Aos nossos sonhos acordados.
Atrasado para o trabalho
Desperto dos devaneios passados
Ela ainda está ali, agora de costas, atarefada
O prazer logo irrompe o desejo mal acustumado.
Levanto-me aos últimos goles do café já esfriado
Agarro a minha mala, jornal e cadeado.
Vou-me embora apressado logo para o trabalho
Com um beijo despeço-me do meu amor abençoado.