NEM CONTIGO, NEM SEM TI - Retrô
Contigo eu sou ausente de mim mesmo, descarrilado e tateante;
Temporal que não respeita o verão, sou mortal transbordação;
Nau sem timão, uma alma sem governo de si e delirante;
Me faz mal te amar, pois teu procurar é minha contra-mão!
Sem ti ainda me vejo bem pior, pois sou vagão sem trilhos;
Atracado à solidão e sem ação, pela mais completa ausência do mar;
Sol aprisionado em neve, constelação de estrelas sem brilhos;
Quando me vejo sem ti, vejo-me um pedinte por teu beijo a implorar!
Mas se te recebo, eu me maltrato e me afogo em desilusão;
Te dou banquetes e me alimento com migalhas de indiferença;
A minha crença se desfaz, quando teu mal me estilhaça o coração;
Inferno é está contigo, posto que a paz só me visita na tua ausência!
Mas é breve a decisão de te apartar, logo meu corpo pelo teu reclama;
É qual a relva, que sem orvalho luta para poder sobreviver;
É como pretender subsistir sem ar e lavar meu coração em lama;
Eu não te posso prescindir, sem que me faça perecer!
Assim eu sou refém do que me agride, mas que preciso;
E em cada vírgula desse amor, um ponto final pede passagem;
Eu sou aquele apaixonado que acerta o alvo num tiro impreciso;
Eu sou aquele herói covarde que luta pelo que lhe falta coragem!!