NEM CONTIGO, NEM SEM TI - Retrô

Contigo eu sou ausente de mim mesmo, descarrilado e tateante;

Temporal que não respeita o verão, sou mortal transbordação;

Nau sem timão, uma alma sem governo de si e delirante;

Me faz mal te amar, pois teu procurar é minha contra-mão!

Sem ti ainda me vejo bem pior, pois sou vagão sem trilhos;

Atracado à solidão e sem ação, pela mais completa ausência do mar;

Sol aprisionado em neve, constelação de estrelas sem brilhos;

Quando me vejo sem ti, vejo-me um pedinte por teu beijo a implorar!

Mas se te recebo, eu me maltrato e me afogo em desilusão;

Te dou banquetes e me alimento com migalhas de indiferença;

A minha crença se desfaz, quando teu mal me estilhaça o coração;

Inferno é está contigo, posto que a paz só me visita na tua ausência!

Mas é breve a decisão de te apartar, logo meu corpo pelo teu reclama;

É qual a relva, que sem orvalho luta para poder sobreviver;

É como pretender subsistir sem ar e lavar meu coração em lama;

Eu não te posso prescindir, sem que me faça perecer!

Assim eu sou refém do que me agride, mas que preciso;

E em cada vírgula desse amor, um ponto final pede passagem;

Eu sou aquele apaixonado que acerta o alvo num tiro impreciso;

Eu sou aquele herói covarde que luta pelo que lhe falta coragem!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 04/07/2009
Código do texto: T1682483
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