Das inocências de rosa e lírio: ... transmudada rosa ...

Amor, nu menino cego

que é e se representa,

morde como cru morcego

as pétalas de rosa, violenta,

o candor, ressurgido e grave,

de lírio, por vezes suave

e abandonado, por vezes

soberbo em altivezes...

Transmudada rosa em alvoroço,

embebe as pétalas na humidade,

entremostra mistérios em esboço

e com carinhos cinzela a saudade...

lírio, quer submisso, quase escravo,

quer aceso em desatado fogo,

quebra fronteiras, cavalga bravo

sem pouso, sem escusas, para logo...

Tudo foi manha astuciosa

do Amor com lírio e com rosa...