O velho e a vida
Da vida que vivi espero o prumo
e dos cabelos brancos, erros bem menores
dos que vivi sem dor e me foram os mais fortes
nas lágrimas que teci tão passageiras.
E serenamente espero a sabedoria
dos passos dados, dados passos talhados
sobre a areia ou na pedra polida,
no passear dos versos ou nas palavras ditas.
Amadureci comprando os anos
que, sem me dizerem, me deixaram velho
e eu sem saber ganhei ocelos
que largamente enxergam o que o mundo me mostra.
Da vida que ultrapassei inda espero muito.
Afinal, ensinar o que aprendi é o meu discurso
que praticarei nos ouvidos dos netos abraçados
e nas célebres orações que eu inda recitar a Deus.