Crônicas de um dia de chuva
Aqui chove! Da chuva providencial, que molha calçadas, por onde escorregam velhinhas encurvadas, que se estatelando no chão, não rogam pragas, olham o céu, levantam a cabeça e erguendo os olhos dizem: Ainda bem que eu não estou vestida de branco!
Esta mesma chuva, molha o limoeiro, meu parceiro de doces limonadas,
Limoeiro de folhas esgazeadas por onde caminham, prenúncios de borboletas,
E eu lucífero diabo dos lepidópteros , tesoura em mãos corto as, arremesso-as ao chão e sem pedir, sequer perdão, piso-as!
Gargalho e as sepulto.
Na raiz o limoeiro sorri de agrado e diz; muito obrigado, senhor meu deus,
Deus de meu jardim!
E cai a chuva, inundando as ruas, encharcando as calçadas, dormindo ao relento, e sem nenhum proveito, recolhe o ultimo lodo e desce pela boca do lobo faminto, que aos pés do poste que ilumina a via publica, sossegado aguarda;
A cápsula plástica vazia da maldita alquimia, ilusão de bem estar bem, vendida a troco de sangue e esgoto!
Rente-chão! Cai a chuva espremendo o coração, convocando o infarto, explodindo o músculo que dita o ritmo de uma vida sem medida e que agora finda; sem plenilúnio, sem arrebol!
A noite... É uma criança malvada e o a morte solução inesperada!
Na chuva que cai do céu azul escondido, lamurias e guarda chuva colorido!
Das águas caídas:
Chuva na janela, esperança, poema, chá quente, chocolate e televisão posta no desenho animado!
Um sorriso;
Uma promessa: Eu por ti morrerei de causas naturais, por desenlace de promessas, por amor, que se um dia morto é porque nunca foi nascido!
E cai a chuva; com sabedoria, agudeza e com este silêncio que só seu; convocando ouvidos que a ouçam, pois, só hoje é inverno, amanhã o dia poderá estar cheio!