MUITO MAIS QUE AMOR - Retrô

Eu me envergonho por chamar de amor o que te sinto;

É qual gramática preterida por uma simples braquilogia;

Estranha condenação, que até parece que me minto;

É tão imenso que todo termo foge a qualquer analogia!

Como o navio imensurável, reduzido a um batel;

E o temporal submetendo-se à insignificância do sussurro;

Como a furtiva ocultação de outras dimensões do céu;

Como a ridícula redução vernacular ao mero discurso!

Como a vitrine teologal que delira ao comportar a divindade;

Tal qual a limitude que se pretende resoluta;

É tentar mensurar no relógio as trilhas da eternidade;

É abrigar todo o inverno,no neviscar de uma humilde gruta!

É pragmatizar o idioma da alma sob os códigos da interjeição;

É limitar a altíssima sublimidade a um mero aplauso decantado;

É registrar nas tábuas do ilusório a impossível tradução;

E tentar classificar o inaudito fruto do transcendente arado!

Assim, eu não me atrevo a ser protagonista dessa aventura;

Só sei que não consigo ser menos do que sou contigo;

Já que percebo ser mais que amor, perde o sentido toda busca;

Amor é grão moído, perante o que te sinto e de tudo que te digo!!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 02/07/2009
Código do texto: T1678698
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