MUITO MAIS QUE AMOR - Retrô
Eu me envergonho por chamar de amor o que te sinto;
É qual gramática preterida por uma simples braquilogia;
Estranha condenação, que até parece que me minto;
É tão imenso que todo termo foge a qualquer analogia!
Como o navio imensurável, reduzido a um batel;
E o temporal submetendo-se à insignificância do sussurro;
Como a furtiva ocultação de outras dimensões do céu;
Como a ridícula redução vernacular ao mero discurso!
Como a vitrine teologal que delira ao comportar a divindade;
Tal qual a limitude que se pretende resoluta;
É tentar mensurar no relógio as trilhas da eternidade;
É abrigar todo o inverno,no neviscar de uma humilde gruta!
É pragmatizar o idioma da alma sob os códigos da interjeição;
É limitar a altíssima sublimidade a um mero aplauso decantado;
É registrar nas tábuas do ilusório a impossível tradução;
E tentar classificar o inaudito fruto do transcendente arado!
Assim, eu não me atrevo a ser protagonista dessa aventura;
Só sei que não consigo ser menos do que sou contigo;
Já que percebo ser mais que amor, perde o sentido toda busca;
Amor é grão moído, perante o que te sinto e de tudo que te digo!!