É MEIA-NOITE

É meia-noite e o galope macabro

sacode as ruas

É meia-noite e o clarim das trevas

soa da lua

É meia-noite, apenas e o céu

não é mais o céu da oração,

tudo mudou,

não estranhe a brisa sussurrante,

meu amor, não estranhe

a paisagem na janela

os anjos escutam nas pedras

o que se passou

É meia-noite, o sonho

é o aceno perpétuo da dúvida,

quando acordarmos a única

realidade além do nosso amor

será o olhar estático do galo

quando do luar descerem criaturas

para o banquete mortal das ruas,

de que maneira crer na verdade

se quando chega o perigo

permanece a mensagem da seita?

Melhor seguir apenas renegado

do que bruxo ou cardeal, revirando cinzas

do inocente vestido de pecado