Pecados, deuses e infernos

Meus deuses moram em qualquer inferno,

perto de mim e alheio à alma

porque, se lavo o olhar, a carne é brasa

e o verbo queima feito inóspita lava.

Meus infernos adoram perdoar

e são tão mansos em qualquer lugar

que suas onisciências viram liberdade.

Meus pecados são feitos de alegrias,

tecidos a qualquer hora

embora morem escondidos em todo lugar

onde o coração os quiser e eu lhes possa dar verdades.

O que me for verdade será a tua mentira

porque os axiomas são lenhas queimadas

e as cinzas na terra, os pecados no mar.