O Amor é "inarranjável"...

Tenho de arranjar outro amor

Tenho de arranjar outro amor

porque o que tenho não me vale

Nem sei o que se passou...

Feito roupa de criança a crescer

já não dá o longo das pernas

O sapato não entra, aperta...

Qualquer cousa que faliu

na engrenagem que não anda

E alguma vez até voou...

Tenho de arranjar outro amor

porque este não me convence

Acho que me enganou o vendedor...

Poema da Poeta Galega, publicado no RdLetras em 27/06/2009 (T1670515)

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Cara Poeta, gostei do poema, mas não do título:

O Amor é impossível de arranjar:

Se tomas por "arranjar"

"Pôr ou dispor em ordem", "Arrumar", "Ordenar",

achas que o amor ordenado e arrumado

pode ser assim enfeitado?

Se entendes que "arranjar"

vale por "Conseguir" ou "Obter",

imaginas que o amor deva ser objeto de conquista?

E, se "arranjar" fosse apenas

"Resolver de maneira conciliatória",

que precisa resolver-se no Amor,

nem de uma maneira nem da outra:

O Amor requer o presente, só presente:

Nem ontem nem amanhã devem envolver

o Amor que Amor seja: Portanto,

nem Ordem, nem Conquista, nem Conciliação...

O Amor são corpos nus e almas ingénuas,

unidos, penetrados da irracional demanda

de serem eternos em cada instante...