Oitentista (Coração Alquimista)
Volte aqui, meu bem, se quer mesmo ver
Todo o amor que há de sobra no meu peito
Te conto histórias, minhas memórias, pra saber
Que este coração de louco já não tem jeito.
Sou do tipo mil novecentos e oitenta e cinco
Amante louco, poeta pouco, ainda oitentista
Mesmo que nas horas incertas eu ainda brinco
É que bate às vezes a vontade de ser artista.
Volte aqui, meu bem, vou te mostrar
Que se eu amo muito, mais que devo, eu sei
Que é este tempo louco pra me matar
Mas se hoje amo esta flor, é que outro dia te amei.
Todas as flores são belas: azuis, brancas, amarelas
Mas oitentista, e essa loucura me distorce a visão
Acabo te confundindo com as flores, e todas elas
Me são tormento, alucinógenas, me são paixão.
Então, volte aqui, meu bem, que te digo
Amante louco, poeta pouco, só me falta ser artista
Tento até conseguir, quem sabe, não desisto
Mas se não der, misturo as flores e viro alquimista.
Eu sei que é difícil entender esta loucura
Sei que este tempo, que é teu, é mais comum
Amo pra sempre: amor que mata, amor que cura
Independente, já deixei de ser só mais um.