Idílio da alma
Envolvo a alma em belo corte de seda
chinesa fazendo-a deslizar suave
pelo corpo macio e ardente.
Sou passageira errante no trem que passa
sorrateiro pela sua vida e não encontro ponto
de chegada, apenas partida.
A alma chora o que o pranto rejeita,
rasgando o véu que encobre a dor outrora
escondida no recôndito peito.
Alma minha, ingênua e doida que relembra
fatos do passado revistos pela memória de
dias pinçados de momentos felizes.
Alma doce que aflora entre desejos e saudades.
Entre dias e noites que atravessam a minha
vida reajo inerte à nostalgia que se perpetua
infinita e pulsante em meu ser.
A alma traduz o que o coração não sente e
transforma em lágrimas o sofrimento
de momentos intensos.
De sua alma quase nada sei já que a distância
que nos uniu separou nossos corpos,
apenas deixando a tênue presença dos sentimentos.
Na sensibilidade do sorriso meu, no brilho
do olhar profundo, recrio nesse momento a
certeza desenhada no rascunho da minha
alma poética buscando o espelho que reflete a sua.