Poema ao Amor que Nunca Tive
Amor, que desejei um dia, um vão momento
Em meio às trevas que envolvem meu recanto,
Sonhei-te sempre no meu rudo pensamento
E me embalei no vosso imaginário encanto
Teu rosto confundiu-se, sempre, no restante
Das névoas dessa incerta e tão tristonha vida...
Não passavas, jamais, de um só fantasma errante:
Criação desta minh'alma ensandecida
E não trouxe passado algum, nem o presente,
Ao menos o conforto de uma vã lembrança:
Tu fostes, oh querida, o anelo ardente
Desta minh'ama desprovida de esperança.
E quando partes rumo ao teu sombrio mundo
Num lampejo qualquer da torpe sanidade,
Abandonas no meu peito o mal profundo
Da inconsolável e atroz realidade.