Sustenindo os Cuidados

Os olhos vestindo paletós de sombra, dois negros vitrôs

Que arremedam a madrugada

Chovem escondidos a imagem gelada que o tempo compôs

Com a dor sustenida

Que assim como aumenta em metade o tom da saudade

Que canto de ti

Em bemol dia-a-dia, meio tom diminui da dor e ansiedade

Que carpo daqui.

São dias, apenas, de horas pequenas que custam o passar

Da última agulha

Que ao alto camelo me obrigo a encolhê-lo para adentrar

À razão acúlea

E poder compreender por que este tempo de espera mal anda

Sem querer correr

Teimando moroso em morrer vagaroso, como um lento panda

Nos bambus a comer

E a resposta interior para tanto vagar no engolir do tempo a cada hora

Encontro na sabedoria da demora

O alerta da inversa proporção entre Amar em bemóis batidas do coração

E o gemer em sustenidas dores a solidão...

Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 27/06/2009
Reeditado em 19/03/2014
Código do texto: T1669688
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