AS MINHAS PALAVRAS…

São um mundo de duplicidade

Eu sem elas nada me sinto

E por isso sou seu escravo

Embora não as leve lá muito a sério…

Apesar de Publicado

Não me considero um escritor

Nunca considerarei…

Sou apenas um pequeno contador de histórias

Que gero imensos

Mas pequeninos e insignificantes mundos

Sou apenas

A essência do pó das estrelas

Nunca serei uma estrela

Sou demasiado pequeno para tal

E apesar de sonhar sem parar

Nunca passarei do pouco que sou…

E por isso me espanto

Quando gostam do que escrevo

Quando gostam de mim

Pois não sou nada

Essas palavras não são nada, nada…

Alimentadas por uma espécie de sina

De amar sazonalmente e inutilmente

Para me sentir

Para me sentir vivo

E sair do meu genético torpor

E de nunca ser amado

Procurando em corpos anónimos

Perdidos nas minhas infinitas noites

O amor que me falta

Na minha intimidade

Sendo somente

Mais um corpo

Mais uma noite perdida

Mais um nome que se esquece

Na próxima rodada

No cigarro que vem a seguir

A esses prazeres fátuos

Prazeres momentâneos

É uma vida algo evanescente

Mas no fim de tudo

Na irrisão da minha lucidez

É esse nada

Esse pouco

Tudo o que tenho…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 26/06/2009
Código do texto: T1667968
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