AS MINHAS PALAVRAS…
São um mundo de duplicidade
Eu sem elas nada me sinto
E por isso sou seu escravo
Embora não as leve lá muito a sério…
Apesar de Publicado
Não me considero um escritor
Nunca considerarei…
Sou apenas um pequeno contador de histórias
Que gero imensos
Mas pequeninos e insignificantes mundos
Sou apenas
A essência do pó das estrelas
Nunca serei uma estrela
Sou demasiado pequeno para tal
E apesar de sonhar sem parar
Nunca passarei do pouco que sou…
E por isso me espanto
Quando gostam do que escrevo
Quando gostam de mim
Pois não sou nada
Essas palavras não são nada, nada…
Alimentadas por uma espécie de sina
De amar sazonalmente e inutilmente
Para me sentir
Para me sentir vivo
E sair do meu genético torpor
E de nunca ser amado
Procurando em corpos anónimos
Perdidos nas minhas infinitas noites
O amor que me falta
Na minha intimidade
Sendo somente
Mais um corpo
Mais uma noite perdida
Mais um nome que se esquece
Na próxima rodada
No cigarro que vem a seguir
A esses prazeres fátuos
Prazeres momentâneos
É uma vida algo evanescente
Mas no fim de tudo
Na irrisão da minha lucidez
É esse nada
Esse pouco
Tudo o que tenho…