A NOITE CAI...

E tu não estás cá

E eu francamente

Não percebo está dor

Absurda

Obtusa

Que o meu Eu

Disléxico

Me dá…

E sinto-me envolvido

Num crepúsculo eterno

Lusco-fusco

Talvez existencial

Porque tiveste

Muitas caras

Demasiados corpos

Mas nunca realmente

Estiveste comigo

Morte…?

Eu não a temo

Não me arrependo de nada do que fiz

Só lamento

O que não realizei

Pois a morte tem muitas formas

E eu já morri demasiadas vezes

E aprendi

Sempre a renascer

Das cinzas

E a ser feliz à minha maneira

Amando-te

Para sempre

Mesmo não sabendo

O teu próximo rosto

Só sei

Que vais ser complexa

E imensamente densa

Só sei

Que amarás as palavras

Tal como eu as amo

Pois são esses os pontos em comum

Os meus pontos fracos

Que me fazem apaixonar

Viver intensamente

Morrer

E voltar a nascer

Pois essas são as linhas da paixão

Que orientam todas as minhas células

Todo o meu imenso

E infinito ser…

E assim

Adivinhando

Mais do que sabendo

Por onde a minha alma vai

Enquanto

A noite cai…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 26/06/2009
Código do texto: T1667912
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