AS MÃOS ÁSPERAS DA SOLIDÃO
Estou andando
por um corredor estreito.
As paredes são de espinhos
que um a um vão cravando meu peito.
Pela janela não vejo o horizonte.
A alma cansada implora descanso
A mágoa, a tristeza e a amargura
tiram as forças de meu corpo.
Tento em vão pedir ajuda
mas minha voz deixou de ser ouvida
As portas agora estão todas fechadas
e nada mais resta a não ser seguir adiante.
A solidão é uma mão áspera
que aperta em seus dedos o meu coração
A esperança já não mais me espera
e a felicidade é uma vaga lembrança
Queria eu poder esquecer
do mesmo jeito que fui esquecido.
Queria eu deixar de lembrar
assim como não sou mais lembrado.
Hoje sou um homem ensandecido
vazio, oco, e de amor desprovido.
Sou um sujeito carente,
que não vive, apenas se ressente.
O começo de um recomeço,
reconheço, passa pelo fim.
Passa por algo tão profundo e intenso,
algo muito maior do que está dentro de mim.
Entre os escombros que restaram
minha alma penada vai vagando,
moribunda e sem direção.
E nas paisagens vejo apenas pedras de desilusão.
O tempo frio e chuvoso
faz-me lembrar de meu inferno particular
num lugar frio e escuro
respiro um ar espesso e venenoso.
Meus olhos de horror
estampam uma face marcada
Sulcos de preocupação
vão talhando minha cara zangada.
Minha vida parece um filme interminável
na qual num passado distante
um dia fui o personagem principal
e hoje sou pouco menos que um figurante
Chega de chorar.
Meus olhos úmidos inundam o rosto
e o sabor salgado da depressão
é tudo o que sinto, só o seu gosto.
Queria eu me levantar
e estancar as feridas de meus joelhos.
Enxergar que existe um caminho,
e viver, simplesmente viver, em vez de suplicar.