AS MÃOS ÁSPERAS DA SOLIDÃO

Estou andando

por um corredor estreito.

As paredes são de espinhos

que um a um vão cravando meu peito.

Pela janela não vejo o horizonte.

A alma cansada implora descanso

A mágoa, a tristeza e a amargura

tiram as forças de meu corpo.

Tento em vão pedir ajuda

mas minha voz deixou de ser ouvida

As portas agora estão todas fechadas

e nada mais resta a não ser seguir adiante.

A solidão é uma mão áspera

que aperta em seus dedos o meu coração

A esperança já não mais me espera

e a felicidade é uma vaga lembrança

Queria eu poder esquecer

do mesmo jeito que fui esquecido.

Queria eu deixar de lembrar

assim como não sou mais lembrado.

Hoje sou um homem ensandecido

vazio, oco, e de amor desprovido.

Sou um sujeito carente,

que não vive, apenas se ressente.

O começo de um recomeço,

reconheço, passa pelo fim.

Passa por algo tão profundo e intenso,

algo muito maior do que está dentro de mim.

Entre os escombros que restaram

minha alma penada vai vagando,

moribunda e sem direção.

E nas paisagens vejo apenas pedras de desilusão.

O tempo frio e chuvoso

faz-me lembrar de meu inferno particular

num lugar frio e escuro

respiro um ar espesso e venenoso.

Meus olhos de horror

estampam uma face marcada

Sulcos de preocupação

vão talhando minha cara zangada.

Minha vida parece um filme interminável

na qual num passado distante

um dia fui o personagem principal

e hoje sou pouco menos que um figurante

Chega de chorar.

Meus olhos úmidos inundam o rosto

e o sabor salgado da depressão

é tudo o que sinto, só o seu gosto.

Queria eu me levantar

e estancar as feridas de meus joelhos.

Enxergar que existe um caminho,

e viver, simplesmente viver, em vez de suplicar.

Deep Blue
Enviado por Deep Blue em 25/06/2009
Reeditado em 15/12/2009
Código do texto: T1666735
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