soneto da fuga
fugi do ocaso para o abandono
e fugi do dono pra não ter mais medo
fugi do inverno, fiquei no outono
e fugi do sono pra acordar mais cedo
mas do meu enredo fujo à toda hora
e se vou-me embora, só fujo de mim
a sua presença não me prende agora
mas da sua ausência fujo até o fim
o que me importa é não fugir da vida
é uma saída que não me apetece
nem mesmo quando a porra dessa ferida
é a que me derruba, se você me esquece
prefiro a fuga que é parecida
com a aventura que não acontece
Rio, 23/06/2009