De repente
De repente eu me flagro olhando seus movimentos,
seguindo seus passos , sorrindo o seu sorriso.
De repente escuto seu nome , como brisa no
orvalho de uma flor e me perco na imensidão desse som.
De repente eu vejo uma nesga de luar nos meus
olhos e um pranto acordado na memória.
Percebo sua vida e com isso envolvo a minha
nas linhas imagináveis de uma fantasia.
Pego-me de surpresa sonhando sua dança ,
ouvindo sua música , beijando sua boca.
Algo estranho de repente ecoa em mim , como
um arrepio de inverno , um calor de verão ,
uma queda de folha no outono.
De repente descubro uma parte de você que
começa a florescer em mim e tento sufocar.
Sufoco a mim mesma e não a você.
Este gesto me agride e pede sua ausência em mim.
Você insiste e persiste no solo de um
coração bobo e angustiado.
De repente olho seus olhos , procuro uma
resposta clara nas linhas ocultas do seu rosto.
De repente , casualmente , encontro você na
rua e pareço palpitar por inteiro.
De novo sinto o sol a me aquecer e na
minha loucura vejo-me aquecida em seus braços.
De repente começo a sentir o impacto
das gotas da chuva contra as vidraças do meu quarto.
Nelas vejo a mim. Batendo-me fortemente contra
um vidro espesso e isso representa a
minha luta em não querer me entregar.
De repente sinto-me prisioneira de você , do seu
coração, corpo e alma.
De repente , não mais que de repente ,
descubro que gosto muito de você.