ENGENHO do MENINO

Viadutos tenebrosos

mendicância atrocidades

crimes incendiários

as pessoas enlouqueceram

a paciência

é uma arte bélica

Ao desaparecer do sol

os errantes mostram as faces

cada um tem um sinal

na mente

e sabe a hora de atravessar

a carcaça do trem

Um dia - sociedade,

é possível?

Atirados ao lixo

joguinhos adivinhatórios,

promessas sem fundamento

enterradas em velório

A calma da fera

é o terrível,

desfigurar o caos

desenhando limites

é quando a pedra

aniversaria

Debaixo da fúria

urbana há esperança,

o novo amor

é o engenho

do menino captando

o pássaro pelo voo

A Terra, meu caro,

é o pretérito

de um verbo extinto,

a nave do pecado

no céu brilha tanto

porque é dos ossos do ofídico

Levanta, meu amor,

e olha pela janela,

no horizonte

novas formas de vida

chegam trazendo outros códigos

além do sexo e da magia, apenas